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De Carona

novembro 6, 2011

“Me diz o que é sossego que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar. E se o tempo for te levar, eu sigo essa hora E pego carona… Pra te acompanhar.”

(Los Hermanos)

A intuição já lhe preparava para algo diferente que iria acontecer.

Mas mais uma vez não quis criar expectativas.

Pensou, sorriu, até admitiu que pudesse ser bom, mas logo esqueceu.

E dormiu

E acordou

E comeu

E vestiu

E saiu,

De repente pegou carona com a intuição, e foi levada para um ponto de encontro.

Ao chegar nada de diferente lhe saltou os olhos, até as palavras saírem…

E os gestos

E os sorrisos

E a trilha sonora

E os cuidados.

Sabia para onde estava sendo levada, mas não tinha a certeza se queria aquele destino.

Foi quando lembrou que estava de carona e decidiu se deixar levar.

E deu a mão

E abraçou

E cantou

E dançou

E se equilibrou.

Mais um trajeto, e já se percebia muito próximo do destino final.

Quando decidiu que queria voltar para nunca chegar ao fim.

 

 

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Novos lugares

outubro 30, 2011

“Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé

E se olhar bem fundo até o dedão do pé”

[Gonzaguinha]

 Abriu os olhos e não reconheceu o lustre.

Não era dia, e aquilo não era um despertar propriamente dito.

As paredes, iluminadas apenas por alguns fachos de luz oriundos de velas espalhadas pelo ambiente, não lhe remetiam outras lembranças.

Uma brisa fria entrava pela fresta da janela que mostrava o céu avermelhado. “Vai chover”, pensou ela.

Mas desfrutou da brisa que agitava levemente, de um lado para outro o tal lustre e lhe fazia eriçar de frio o corpo desnudo.

Procurou no seu arquivo de memória algum registro parecido daquele lugar, mas ainda assim não encontrara.

Mesmo sem identificar o logradouro, nem o código postal sentiu-se afortunada.

E agradeceu pela vida que a cada dia lhe apresentava novos lugares.

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Dívida

outubro 30, 2011

“devia ser proibido
uma saudade tão má
de uma pessoa tão boa
falar, gritar, reclamar
se a nossa voz não ecoa
dizer não vou mais voltar
sumir pelo mundo afora
alguém com tudo pra dar
tirar o seu corpo fora
devia ser proibido estar
do lado de cá
enquanto a lembrança voa
reviver, ter que lembrar
e calar por mais que doa
chorar, não mais respirar (ar)
dizer adeus, ir embora
você partir e ficar
pra outra vida, outra hora
devia ser proibido…”

(Itamar Assumpção e Alice Ruiz)

 “- É muito caro ir ao Brasil?

– Depende, se você programar com antecedência, não.

– Mas quanto exatamente?

– Ah uns £600.

– É… É mais caro do que ir a Cuba”

 

Já nem sei o que é mais caro, se passagens entre América e Europa, ou se o silêncio por não saber mais de ti.

Se a dúvida da resposta para tantas perguntas, ou se a certeza da tua falta, mais de um ano depois.

Pagaria Libras, Reais, Euros, Dólares ou qualquer outra moeda pra te ter por perto de novo. Mas teu sorriso não tem preço e a segurança da tua mão guiando a minha se esvaeceu deixando-me apenas a dívida impagável da saudade de ti.

Quantas alegrias economizadas? Quantos tostões de carinhos não dado?

Soma-se a isso a atenção redobrada que me dedicaste, ao cuidado em não me deixar passar frio. Somam-se também teus elogios a minha beleza tão bem comparada àquela atriz Hollywoodiana e ao teu olhar desconcertante, bem ao estilo dos galãs de romance americano.

Somam-se ainda tuas esperas por mim na estação de trem, do metrô e até no pub, mesmo sem beberes uma gota de álcool.

Uma conta que somou tanto não podia deixar pendências.

Ainda penso em adquirir um empréstimo da vida para pagar meu débito…

 

 

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Desassossego

outubro 30, 2011

“Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho”

[Cazuza – Blues da Piedade]

 

Deitou a cabeça no travesseiro e sentiu aquele desassossego no coração que há muito não lhe visitava.

Relembrou todos os sentimentos semelhantes que já havia sentido no passado:

As inúmeras vezes em que não foi atendida;

As atitudes de descaso presenciadas e nem sequer justificadas;

O apetite perdido que lhe levou a silhueta bela e formosa;

O calafrio que cobertor nenhum conseguiu aquecer;

O tremor da carne fatigada pelo cansaço de uma batalha muito próximo da derrota.

Recordou também as lágrimas vertidas dias, tardes, noites e madrugadas a fora;

A energia desprendida na disputa e no vigor das artimanhas planejadas e executadas;

A falta de concentração nos afazeres mais simples;

E a completa incapacidade diante daquela tarefa que outrora lhe dava muito prazer;

Pensou… Sentiu… E decidiu que isso tudo não deveria voltar.

Apertou mais uma vez a tecla verde escrita “send” e não obtendo resposta, dormiu.

Amanheceu com pedido de desculpas terno e sincero, e teve a certeza de que o passado realmente deve ficar para trás.

 

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Decidir

maio 29, 2011

“Oh, tenha dó de mim
Pintou uma chance legal
Um lance lá na capital
Nem tem que ter ginasial
Meu amor”

(Bye bye Brasil – Chico Buarque)

Tão acostumada a ter que decidir entre duas coisas ruins se
viu obrigada a ter que decidir entre duas coisas muito boas.

Ir ou ficar?

Subir um degrau ou dar mais um passo a frente?

Permanecer ou voltar?

Família, amor, amigos ou tudo junto?

Teatro, TV ou cinema?

Mais do mesmo ou um mais de novo?

Sabia que aquele era uma decisão difícil, mas sorria pra
vida toda vez que ela ousava em obter uma resposta, porque sabia também que se algo não desse certo, voltar era sempre uma oportunidade de recomeçar melhor!

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Voltei

maio 29, 2011

“Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Entao sonhou, sonhou…
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais

Quem, no coraçao
Abrigou a tristeza de ver tudo isto se perder
E, na solidao
Procurou um caminho e seguiu,
Já descrente de um dia feliz

Quem chorou, chorou
E tanto que seu pranto já secou
Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
E a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou”

(Meditação – Tom Jobim)

Passei um ano sem escrever por aqui.

Minhas letras, palavras e frases andavam soltas

Procurando um caminho pra entender tudo que aconteceu

Uma rua de pedras se abriu e o caminhar ficou difícil

Entender? Era inadmissível.

Pensei, pensei e enquanto as palavras não vinham… fui
vivendo!

E assim descobri que mais vale viver que pensar.

Vivi a cumplicidade da minha família,

A conivência dos amigos,

A intensidade do trabalhar,

E a veemência do amor.

Muita coisa se descobre numa rua de pedras.

Principalmente que ela leva a algum lugar.

Estou de volta!

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Thinking of you

junho 14, 2010

Unforgettable, that’s what you are
Unforgettable, though near or far
Like a song of love that clings to me
How the thought of you does things to me
Never before has someone been more
Unforgettable in every way
And forevermore (and forevermore)
That’s how you’ll stay (that’s how you’ll stay)
That’s why darling, it’s incredible
That someone so unforgettable
Thinks that I am unforgettable too 

(Nat King Kole)

 

The picture show what my thought wants see

Your smile framing all the happiness that we lived

Your delicate hands always undecided

I never want to say this

But the music plays here, and

Give the words for my mouth

Leave the sense

And the sense stays here,

Saved in the picture that now I admire

Lost in the breath that now I follow wildly

Like a kiss given unexpectedly

Unforgettable